A observação das relações que os seres vivos mantêm com o
meio, em que vivem, nem sempre estimulou muito os
estudiosos. Mas no século XX, as intervenções do homem, nem
sempre felizes, e as consequências da civilização
industrial, puseram particularmente em perigo a ecologia,
com a destruição de diversas espécies indispensáveis ao
equilíbrio ecossistémico.
A maior parte dos países ocidentais já tomou consciência do
fenómeno e começou a tomar medidas. Teve grande impacto a
Segunda Conferência Mundial das Nações Unidas, em Junho de
1992, no Rio de Janeiro. No entanto, não se tem feito muito,
deste então, a favor de uma preservação ecológica saudável
do Planeta.
Naquele púlpito do Mundo, todos, com responsabilidades na
governação dos seus países, disseram que temos de
preservar o planeta das incúrias do próprio homem. Mas a
ideia com que ficámos, ao ouvir aquelas elites tão ‘sábias’
e ‘ilustres’, é que estavam a ditar leis para que outros
cumprissem.
Àquelas bastaria que dissessem coisas que gostaríamos de
ouvir, cogitaram eles, por certo. E nós (os outros) teríamos
de cumprir as suas sentenças, enquanto os seus países
continuariam (continuam) a poluir! É uma questão de
ignorância ou de esperteza bacoca.
Os seres humanos gozam de uma certa autonomia
relativamente à natureza, mas embora o Homem se apodere dela
e a transforme em seu proveito, ele não pode fazer tudo
quanto lhe apetece, sob pena de sofrer com os seus exageros,
como, aliás, há muito tempo se observa!
Mas é conveniente não esquecer que é da interdependência
ecológica do Homem com o Meio que resulta o equilíbrio da
sua existência com a Natureza.
Como escreve Edgar Morin: «A ecologia (…) é uma ciência que
nasce. Mas já constitui uma contribuição capital para a
teoria da auto-organização do vivo, e, no que diz respeito à
antropologia, reabilita a noção de natureza, na qual enraíza
o homem. A natureza não é desordem, passividade, meio
amorfo: é uma totalidade complexa. O homem não é uma
entidade isolada em relação a essa totalidade complexa: é um
sistema aberto, com relação de autonomia /dependência
organizadora no seio de um ecossistema» (Edgar
Morin, O Paradigma Perdido – A Natureza Humana,
Lisboa, Europa-América, 1975, p. 27).
António A. B. Pinela, Horizontes da Filosofia, pp. 124-126).
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