Conjunto de saber
definido, metodicamente interligado por princípios e leis. Por isso,
também se pode dizer que a ciência é um sistema de relações. A ciência
tem, portanto, por objectivo o conhecimento certo. Para atingir
este objectivo, empregam-se métodos adequados à natureza do objecto de
cada ciência.
A ciência pode
designar um conhecimento teórico [matemática, por exemplo] bem como uma
habilidade prática. O termo ciência pode significar mais, geralmente, o
conjunto das ciências (matemática, astronomia, química, biologia, as
ciências humanas...)
A história das
ciências revela que a matemática foi a primeira a aparecer [antiguidade
grega e mesmo egípcia], e as ciências humanas, as últimas; se as
considerarmos pelo seu objecto, a matemática parece ser a ciência mais
simples, enquanto que as ciências humanas parecem ser as mais complexas.
É habitual distinguir
as ciências da natureza das ciências do homem [fundadas por Dilthey, na
Alemanha, e por Augusto Comte, em França]: as primeiras são
«analíticas», e o seu objectivo é dar uma expressão matemática às
«leis», ou relações constantes entre os fenómenos; as segundas são
«compreensivas» e relevam do sentimento e não da medida objectiva.
As ciências da
natureza distinguem-se da Filosofia, uma vez que a sua vocação é a de
conhecer a matéria, enquanto que a da Filosofia é a de conhecer o
espírito (Bergson); as ciências humanas são como que o caminho entre as
ciências da natureza e a Filosofia propriamente dita.
Feita esta breve
abordagem da ciência, registe-se que o espírito científico é a
predisposição do pensamento para as ciências, isto é, para um
conhecimento objectivo e universal, a que alguns denominam espírito
positivo. O espírito científico recusa-se a confiar nas impressões
subjectivas, na tradição (crenças, explicações teológicas ou
metafísicas): identifica-se com o espírito crítico, mas aplicado a um
objectivo real (os fenómenos da natureza). O seu ideal é a substituição
da percepção das coisas pelo conhecimento das suas leis, isto é, as
«relações constantes» entre fenómenos.
As ciências não visam
apenas a acumular dados. A sua principal função é explicar os fenómenos
do seu domínio por meio de hipóteses, teorias, princípios ou
leis. O primeiro passo, neste trabalho de interpretação, é a
formulação de uma hipótese, que não passa de uma interpretação
provisória, isto é, uma conjectura ou suposição feita no sentido de
explicar os dados obtidos.
Um exemplo: supormos
por hipótese, a existência de uma relação constante entre dois ou mais
factos observados.
Quando uma hipótese
se apoia em observações ou em considerações racionais, converte-se numa
teoria. E, finalmente, se foi verificada, isto é,
satisfatoriamente comprovada, a hipótese eleva-se à categoria de lei, se
é de carácter experimental, ou de princípio ou doutrina,
se está baseada em argumentos racionais.
As ciências
particulares têm um lugar, um objecto próprio e uma incumbência
especial, que consiste em determinar as causas próximas e formular as
leis particulares.
Enfim, ao estudo
filosófico das ciências é habitual dar-se o nome de
Epistemologia (António Pinela, Reflexões, 1995). |