
A vida
humana constitui, a cada momento, um todo. Tanto é assim
que os nossos actos presentes são sempre influenciados
pela nossa história de vida.
Lenta, mas
progressivamente, o homem vai-se circunscrevendo aos
limites da sua vida momentânea e vai perdendo liberdade,
porque cada vez mais o peso do seu passado influência o
seu presente.
A liberdade
humana está sempre comprometida com o existir. Com
efeito, não existe liberdade abstracta. Assim, pode
dizer-se que o homem está sempre limitado: está limitado
pela sua constituição biológica, mas também psicológica;
pela sua cultural, mas também, e particularmente, pelas
suas decisões passadas.
«Se eu
tivesse agora menos 10 anos faria isto ou aquilo», é
comum dizer-se. O que quer dizer que cada homem podia
ter sido muito diferente daquilo que é! Podia ter sido
outro homem! Mas isso já não é possível. Aliás, nunca é
possível – aquela oportunidade já passou, já não podemos
escolher caminho diferente; apenas pequenos desvios, que
ramificam o caminho anterior, são possíveis. (António A.
B. Pinela, Reflexões, Sábado, 30.09.17).