CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Proposta de
trabalho, de António Pinela, apresentada ao Grupo de Filosofia – 10.º B,
a 22.02.1990 (aprovada pelo
grupo)
A
avaliação tem por objectivo apreciar, julgar, determinar o valor
de um TESTE, de um TRABALHO, de uma ACÇÃO. Pelo que se pode facilmente
concluir que, em situação de ensino/aprendizagem, a avaliação é
uma das tarefas mais difíceis de todo o processo educativo, com a qual
os docentes se confrontam.
Consequentemente, pelas dificuldades que representa e o rigor que exige,
a avaliação da aprendizagem deve fundamentar-se em critérios
previamente definidos, com a finalidade de interpretar
correctamente a informação recebida, tendo em conta, naturalmente, as
metas educacionais estabelecidas pela planificação programática.
Vejamos as variáveis que, essencialmente, deverão ser consideradas no
processo avaliativo.
1. Campos de observação
Esta perspectiva aponta para os seguintes campos de observação, a
considerar na avaliação/classificação:
1. Participação
nas aulas;
2. Comportamentos
no decurso dos trabalhos individuais ou de grupo;
3. Produções
diversas (Testes, Relatórios, Trabalhos).
2. Níveis de capacidades a avaliar
Sobretudo os testes e os trabalhos deverão ser estruturados segundo
três níveis de exigências, capazes de proporcionar o desenvolvimento
intelectual e a organização das ideias dos alunos:
1. O
primeiro nível de índole prioritariamente
analítica:
- Que
manifeste nível de compreensão dos textos estudados;
-
Que mostre rigor de tratamento dos conteúdos;
-
Com delimitação clara do assunto principal do Tema/Questão;
-
Com precisão de linguagem, traduzindo exigência analítica.
2.
O
segundo nível, apela para o poder de síntese:
- Relacionando criticamente os conteúdos estudados com os temas propostos
nos Testes/Trabalhos;
- Poder
de síntese manifestado pela estruturação orgânica dos Temas/Problemas;
- Exposição
que reúna os diferentes elementos de conhecimento num todo coerente.
3.
O
terceiro
nível deverá ser orientado para a capacidade de problematização de um
Tema/Problema e seu desenvolvimento. Dever-se-á permitir liberdade
criativa de tratamento):
-
Quer quanto ao modo de abordagem dos problemas (histórico,
sistemático...),
- Quer
quanto à sua integração no contexto do programa.
O
assunto principal do Tema/Problema não deverá ser subalternizado; e a
avaliação deverá considerar a profundidade com que o Tema é
desenvolvido, através do grau de problematização e do nível de reflexão
atingidos no Trabalho ou no Teste.
Observação: Na avaliação/classificação dos Testes/Trabalhos
deverão ser tidas em conta, globalmente, as orientações adequadas de que
os alunos terão prévio conhecimento.
3. Critérios de avaliação – testes
A
definição de critérios de avaliação:
- Facilita
a tarefa dos professores do Grupo de disciplina, quanto à aplicação do
processo avaliativo;
- Evita
grandes disparidades na aplicação do processo de avaliação/
classificação pelos professores do Grupo.
Naturalmente que os critérios indicados infra são apresentados
com o objectivo de reduzir ao mínimo o risco de subjectividade na
correcção dos instrumentos de avaliação.
3.1. Orientações para a avaliação/classificação
Na avaliação dos conteúdos, de cada questão, dever-se-ão
considerar:
a) Aspectos informativos:
-
Identificação da problemática;
-
Domínio dos conteúdos programáticos (ou outros);
-
Abordagem reflexiva e crítica.
b) Aspectos formais:
-
Nível de estruturação das respostas;
- Linguagem clara e coerente;
-
Utilização correcta da terminologia da disciplina.
Observação: Os professores do grupo deverão estabelecer
a percentagem de cotação a atribuir a cada um dos aspectos indicados
(informativo e formal). Como simples referência, propõe-se 80 % da
cotação para a informação e 20 % para a formalização.
3.2. Forma e conteúdo
a) Conteúdos – aspectos informativos
O aluno adquire conteúdos (as matérias, as disciplinas, as
actividades diversas que o ensino e a educação facilitam) que serão
avaliados.
Em relação à problemática proposta pelo Teste, os conteúdos
podem ser:
-
Adequados;
- Adequados parcialmente;
-
Inadequados.
Observação:
Desde que o conteúdo de resposta seja considerado inadequado,
não serão atribuídos quaisquer pontos à forma, uma vez que aquele não é
avaliado.
b)
Forma
Os conteúdos são a realização concreta, particular, de um
conceito, de um facto geral, de uma teoria, de uma
ideia... que exigem um determinado modo de apresentação, isto é, a maneira
como se pode apresentar aquela ideia, noção, acontecimento ou acção: é
o aspecto formal que transmite a compreensão dos conteúdos.
Devem, assim, ser considerados os seguintes pares de itens na
avaliação/classificação dos Testes:
-
Estruturação correcta das ideias/erros de estrutura;
-
Vocabulário adequado / vocabulário inadequado;
-
Sem erros ortográficos / com erros ortográficos.
Observação: Deverá ser determinada a percentagem (pontos) a
descontar pelos erros indicados, ou outros, que os professores do grupo
entenderem conveniente.
4. Critérios de avaliação – Trabalhos
Na avaliação dos trabalhos terá que haver considerável flexibilidade
na apreciação do desenvolvimento temático. Isto não quer dizer que o
docente não seja rigoroso/objectivo na análise dos conteúdos
constitutivos do tema do trabalho apresentado pelos alunos.
Por princípio, o desenvolvimento temático do trabalho é muito
mais extenso do que no teste e, normalmente, reflecte, de alguma
maneira, a personalidade do seu autor (ou autores), pelo que deverá
ser valorizada a reflexão pessoal relevante para a compreensão das
questões/problemas apresentadas.
4.1. Níveis globais a considerar na aferição de critérios
Reprodução
(10-13) Suf.
|
Autonomia
(14-16) Bom
|
Criatividade
(17-20) M. Bom
|
4.2. Orientações para a avaliação/classificação
(cf. observação em 3.1.)
a) Aspectos informativos
-
Conhecimentos manifestados bem como a sua articulação;
-
Abordagem reflexiva e crítica;
-
Domínio da terminologia da disciplina.
b) Aspectos formais
-
Estruturação do trabalho;
-
Clareza de exposição (oral/escrita);
-
Criatividade.
4.3. Orientação para a atribuição da classificação
A – Critérios para a aferição da atribuição da classificação
correspondente ao intervalo de 17-20 valores:
-
Fidelidade ao Tema do trabalho:
-
Boa organização das ideias, com introdução, desenvolvimento e conclusão
proporcionais;
-
Sem erros de estrutura;
-
Clareza de expressão;
- Boa amplitude de vocabulário;
- Criatividade.
B – Critérios para a aferição da atribuição da classificação
correspondente ao intervalo de 14-16 valores:
-
Fidelidade ao Tema do trabalho;
- Razoável organização das ideias, com equilíbrio entre as partes lógicas
do trabalho;
- sem erros de estrutura;
-
Clareza de expressão;
- Razoável amplitude de vocabulário;
- Autonomia.
C – Critérios para a aferição da atribuição da classificação
correspondente ao intervalo de 10-13 valores:
- Fidelidade ao Tema do trabalho;
-
Organização das ideias com desequilíbrio entre as partes lógicas do
trabalho (exemplo: introdução inexistente ou demasiado longa...);
-
Alguns erros de estrutura, que não ponham em causa a boa compreensão dos
conteúdos;
- Expressão, por vezes, pouco clara;
- Amplitude de vocabulário reduzida;
- Reprodução de conhecimentos.
D – Critérios para a aferição da atribuição da classificação
correspondente ao intervalo de 0-9 valores:
- Fuga ao Tema do trabalho;
- Deficiente organização das ideias;
- Muitos erros de estrutura;
- Expressão confusa;
- Utilização muito repetida do mesmo vocabulário;
- Despreocupação com a dimensão do trabalho e das suas partes
constitutivas.
Notas finais:
a) A todos os instrumentos de avaliação, que visam a
classificação do aluno, será atribuída a mesma percentagem global (100
%), ou outra que os professores da turma, da mesma disciplina ou do
conselho pedagógico determinem.
b) A participação nas aulas, bem como os comportamentos e
atitudes desenvolvidos no decurso das actividades de aprendizagem,
assumem o carácter de:
-
Certificação de conhecimentos e de demonstração do empenhamento nas
tarefas;
-
Esclarecimento de dúvidas do professor, levantadas pelos instrumentos de
avaliação;
- Afirmação da personalidade do aluno.
A
nossa posição, no que concerne à alínea b), resulta do facto de que uma
avaliação/classificação efectuada, sem o rigor dos instrumentos de
avaliação, é sempre susceptível de ser influenciada pelos múltiplos
factores que envolvem o clima da aula e da, consequente, relação
pedagógica.
Mais informação
ESCOLA SECUNDÁRIA DO
ALTO DO SEIXALINHO BARREIRO - 1989/90
Critérios de Avaliação
(E.S.A.S.,
07.02.90)
António Pinela |