1. Há
uns dias, num programa de “corte e costura”, na RTP
1, uma conceituada estilista, modista…, ou sei lá o
quê, falando aos concorrentes, disse, mais ou menos,
assim: é muito importante a vossa participação, “blá-blá-blá”,
que quer dizer, discurso sem grande conteúdo. E a
senhora remata com grande eloquência: vamos
encontrar-nos por aí, porque nós (as pessoas
importantes nesta área) precisamos de pessoas
como vocês! Portanto, os bons, os conceituados,
precisam de pessoa menos boas e menos conceituadas…
para fazerem o trabalho de preparação
para a
costura, para os conceituados
brilharem. Que modéstia!
2.
Hoje, também na RTP 1, e a propósito da maratona do
fado de Lisboa, que comemora seis anos do fado «como
Património Cultural e Imaterial da Humanidade»,
perguntava a jornalista da RTP, a uma respeitada
fadista: se era a mesma coisa cantar numa casa de
fados e num grande palco. Ao que a fadista
respondeu, que não, porque numa casa de fados a
relação com as pessoas é mais intimista, porque se
está mais perto delas, e num grande palco, isso não
acontece, mas quem tem uma experiência
internacional, é capaz de superar essa situação…
Conclusão, só quem tem experiência de cantar no
estrangeiro se sente à-vontade tanto na casa de
fados como nos grandes palcos! Não é bonito, pois
não, dizer-se isto para os colegas ouvirem? Também
aqui a presunção não faltou. (António A. B. Pinela,
Reflexões). |