Vivemos num mundo que nos é familiar, no qual desenvolvemos
experiências e saberes. É com as coisas do mundo que nos
relacionamos: objectos, pessoas; manifestações culturais,
políticas e sociais; acontecimentos, coisas. É assim que, desde
o nascimento, o ser humano vai tendo experiências: primeiro com
a família (a mãe, primeiro): faz as primeiras aprendizagens
que são essenciais para o seu percurso; depois,
consigo próprio: a experiência de que tem um corpo, que vê
modificar-se no decurso do seu crescimento; com os amigos:
faz a assimilação dos valores sociais; na escola: adquire
conhecimentos, capacidades, competências e valores; com a
envolvência social: adquire a formação cívica e cultural;
com os diversos objectos do mundo que o rodeia:
adquire o conhecimento que lhe permite a vivência concreta.
Desta forma,
a familiaridade que temos do mundo é o resultado da construção
das significações que experimentamos pela educação, cultura,
tradição, hábitos, usos e costumes. Significações que
possibilitam que cada pessoa construa uma imagem, mais ou menos
nítida, do que é o mundo, no qual desenvolve as vivências que se
traduzem por experiências significativas. É com o saber
desta experiência que vamos construindo um mundo à nossa medida,
denominado o nosso mundo. Todas estas imagens que
perduram, construídas num espaço e no tempo, pelos sujeitos da
experiência, têm em comum uma estrutura fundamental: são as
imagens de um mundo que cada um constrói e ocupa, de
um determinado ponto de vista, no qual as coisas, situações e
acontecimentos se distinguem, a partir dos conceitos que delas
criamos.
Que mundo é este que
conceptualizamos? É o mundo de cada um de nós, tal qual o
sentimos e vivemos. Este horizonte que temos do mundo é
construído de um modo subjectivo-relativo, que se limita ao
âmbito da nossa vivência. Porquanto, cada um de nós vive a sua
própria experiência, e não as experiências alheias. (António A.
B. Pinela,
Horizontes da Filosofia, 2017, pp. 67-69).
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